domingo, 24 de fevereiro de 2013

Terapia Ocupacional na educação: Dislexia


Nos últimos vinte anos, é possível observar no cenário educacional do Brasil um grande e crescente número de crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem dos conteúdos pedagógicos. Muitos são os fatores que contribuem para o fracasso na aquisição das habilidades escolares, mas, dentre eles, é possível destacar um número significativo de crianças com sintomas de dislexia.

Dislexia é um termo criado por um médico oftalmologista alemão, o Dr. Rudolph Berlin, há mais de 100 anos, para nomear uma dificuldade em leitura apresentada por um de seus pacientes. Muitos casos de dificuldades de aprendizado têm sido estudados nesses longos anos de pesquisa cientifica, por diferentes profissionais da área da Educação e da Saúde. Porém, durante muitos anos, só relacionados às dificuldades com a leitura. Por isso, é que muitos profissionais incorporaram essas pesquisas e conclusões em dislexia somente como dificuldades em leitura.
Assim, na continuidade da busca de respostas sobre o que é dislexia, passaram a ser também pesquisadas dificuldades com as linguagens expressivas e receptivas, oral e escrita, além de problemas com leitura e soletração. Mais tarde é que as dificuldades com a linguagem matemática também foram incluídas nessas pesquisas.

Os sinais que podem indicar dislexia na educação infantil são:
  • Histórico familiar de problemas de leitura e escrita;
  • Atraso para começar a falar de modo que faça sentido;
  • Impulsividade no agir;
  • Uso excessivo de palavras substitutas ou imprecisas (como coisa, negócio);
  • Nomeação imprecisa (como helóptero para helicóptero);
  • Dificuldade para lembrar nomes de cores e objetos;
  • Confusão no uso de palavras que indicam direção como dentro/fora, em cima/embaixo, direita/esquerda;
  • Tropeços, colisões com objetos, quedas frequentes;
  • Criatividade aguçada;
  • Facilidade com desenhos e boa noção de cores;
  • Prazer em ouvir outras pessoas lendo para ela, mas falta de interesse em conhecer letras  e palavras;
  • Discrepância entre diferentes habilidades, parecendo uma criança brilhante em alguns aspectos, mas desinteressada em outros.
O terapeuta ocupacional pode estar intervindo junto a essas pessoas com dislexia através de jogos e brincadeiras.  Enquanto brinca, o aluno se defronta com desafios e problemas, devendo buscar constantemente soluções para as situações a elas colocadas. Os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades ricas em estimulação e pode acontecer o desafio necessário para provocar uma determinada aprendizagem ao liberar um potencial existente e, como consequência, uma situação de descoberta. Assim, tais recursos se apresentam como metodologia de trabalho a ser utilizada pelo terapeuta para ajudar o aluno no seu desempenho ocupacional.
Assim, colocarei o longo dos dias, algumas sugestões de recursos terapêuticos a serem utilizados de acordo com alguns déficits ocasionados pela dislexia.

  • Atraso para começar a falar de forma que faça sentido:
Jogo: cubos com diferentes figuras e cores de acordo com a idade da criança:
Ao jogar o cubo, ele irá “cair” em uma figura. Peça à criança que repita o nome da figura quando for a vez dela. Faça isso repetidas vezes, com cubos diferentes.

Brinquedo: esse brinquedo pode ser encontrado em lojas com diferentes formatos, mas também pode ser facilmente inventado com os objetos do cotidiano da pessoa. Pegue vários que ela conheça e outros que passará a conhecer, mostre a ela e peça para que ela nomeie corretamente. O interessante é que quando a criança nomeia corretamente, ela estará “treinando” a fala e o reconhecimento dos objetos pela palavra. Assim, na ausência do objeto, mas na presença da palavra, a criança irá associar o significado.

Brincadeira: músicas.
Desde muito cedo as crianças gostam de cantar. Além de ser uma brincadeira de alto teor motivador, a música pode representar uma excelente opção para a criança falar muitas palavras cantadas.
Sugestão ao terapeuta ocupacional:
Demonstre interesse pela atividade lúdica, elogie, mas sem exageros. Ela precisa se sentir motivada a jogar e não a agradar você, pois, neste último caso, quando você não elogiar, ou alguém não elogiar, ela ficará desmotivada para continuar brincando. Corrija brandamente (repita a palavra certa quando a criança não falar corretamente. Repita junto com ela). 


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