terça-feira, 3 de julho de 2012

Transtorno de personalidade borderline


Um transtorno da personalidade é um padrão persistente, estável, generalizado e inflexível no modo de sentir, pensar e se comportar, que desvia acentuadamente das expectativas da cultura na qual o indivíduo está inserido (American Psychiatric Association, 2002). Os transtornos da personalidade têm como características centrais alterações significativas em, pelo menos, duas áreas dentre quatro em potencial. Sendo essas:

·      cognição,

·      afetividade,

·      funcionamento interpessoal e

·      controle dos impulsos.



Esse conjunto de manifestações clínicas provoca um grau significativo de sofrimento ou prejuízo funcional na vida do indivíduo.

O Transtorno da Personalidade Borderline (TPB) ou limítrofe é marcado por um padrão instável com relação aos afetos, aos relacionamentos interpessoais e à autoimagem.

Trata-se do transtorno da personalidade mais prevalente. Indivíduos com essa desordem costumam apresentar comportamentos agressivos e impulsivos, além de atitudes autodestrutivas, incluindo tentativas de suicídio. A instabilidade presente nesse quadro frequentemente desorganiza a vida familiar, profissional e o próprio senso de identidade do sujeito.

O TPB é caracterizado no DSM-IV-TR  da seguinte forma:

(1)     realização de grandes esforços no sentido de evitar um abandono real ou imaginário;

(2)      padrões de relacionamento instáveis e intensos;

(3)     distúrbio da identidade caracterizado pelo sentimento de self acentuado e persistentemente instável;

(4)     impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais para si próprio, como por exemplo: gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivo;

(5)      comportamentos, gestos ou ameaças suicidas, ou comportamento automutilante;

(6)      instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade do humor;

(7)     sentimento crônico de vazio;

(8)     expressão frequente de raiva intensa e inadequada ou dificuldade de controlar a raiva;

(9)     ideação paranoide ou sintomas dissociativos transitórios durante períodos de estresse.

Muitos fatores têm sido considerados na origem desse transtorno. Dentre os mais citados na literatura estão presentes: predisposição genética, desenvolvimento neurobiológico, condições ambientais de desenvolvimento infantil, dentre outras, mas podemos citar, especialmente, a presença de experiências de abuso e negligência na infância.

 As experiências traumáticas infantis com relação a abusos sexuais têm se demonstrado como um dos fatores preditores de TPB (Bradley et al., 2005). O abuso sexual como fator preditor de TPB é tão dramático que a prevalência estimada de ocorrência de histórico dessa experiência traumática – no decorrer da infância - em indivíduos com TPB gira em torno dos 75% (Fruzzetti, Schenk & Hoffman, 2005).

A prevalência do TPB situa-se entre 30 e 60% dos indivíduos com transtornos da personalidade, sendo que a maioria das pessoas com TPB são mulheres.

Indivíduos com TPB costumam apresentar mudanças comportamentais repentinas e intensas, com episódios de raiva, depressão e ansiedade, que podem vir acompanhados de abuso de álcool, drogas, ou mesmo por comportamentos autodestrutivos (presentes em 75% dos pacientes) expressos na forma de mutilações e tentativas de suicídio (Soloff et al., 2005).

Apresentam, também, frequentemente relacionamentos instáveis que podem passar de uma idealização para uma desvalorização imediata; são muito sensíveis à rejeição e apresentam um temor muito grande frente à possibilidade de abandono.

As alterações neurobiológicas, como um fator componente do TPB, já vêm sendo estudadas há alguns anos como, por exemplo, na hipótese do modelo biopsicossocial jacksoniano, no qual se sugere que as experiências traumáticas na infância interferem no processo de maturação das conexões cerebrais, em especial a do córtex frontal, gerando dessa forma os sintomas característicos do TPB (Meares, Stevenson & Gordon, 1999).

Ou seja, segundo esse modelo, essa interferência ambiental precoce acarretaria em um desenvolvimento deficitário das conexões cerebrais dos sujeitos portadores de TPB. Sendo assim, o paciente borderline tem dificuldades laborais, conjugais e/ou para vencer as etapas habituais da vida.  Sendo assim, o terapeuta ocupacional deve atuar em tais dificuldades, com o uso de atividades simples, prazerosas, que possibilitem o retorno gratificante a tais indivíduos, melhorando assim, sua auto-estima e suas relações interpessoais. Nesses casos, atividades produtivas são aconselhadas.

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